Musicalização

A linguagem musical é inato do indivíduo. Nosso estado fundamental é musical: as batidas do coração, os sons do corpo, a comunicação por meio de balbucios, as palminhas, tudo isso é pura Música e o significado das palavras não têm um sentido ainda, sendo um código a ser descoberto!
Criança fala japonês no Japão com um ano de idade, assim como alemão na Alemanha, inglês na Inglaterra, e assim por diante. Se levarmos um bebê com um ano de idade para outro país, em três meses estará reproduzindo as palavras daquele lugar. Isto é Música. Portanto, se a linguagem pode ser conquistada com esta clareza, ter oferecido a Música a partir dos oito meses naquela época – pois hoje começo com 6 meses –, foi fundamental para manter aguçado este estado fundamental de escuta, percepção, entendimento dos códigos, pois as palavras vêm carregadas de sentido. A forma como são ditas, a intenção, a velocidade das palavras, o peso, tudo isto é mapeado pelos pequeninos ainda muito cedo e, com o passar do tempo, admirados com o conhecimento do significado das palavras, começam a abolir o lado musical. Isso, como se não fosse mais necessário se guiar através desta ferramenta maravilhosa que é a música das palavras. Assim como os pequenos, todos nós temos a musicalidade como universo.

A arte na nossa Escola ocupa o lugar de fazer surgir ou de manter a criança que habita em cada um de nós, sendo revelada através da Música. Há o cuidado em elaborar recursos que criem uma musicalização que permita mais conexão da criança com ela mesma, com o crescimento, com O compromisso é o que essa criança possa se tornar no futuro com o que a Escola oferece. Sendo assim, não importa a idade em que se inicia um processo, mas o caminho em si.
Olhar e cultivar o momento presente não visando o resultado, mas sobretudo sentindo prazer no processo. Entender o caminho como uma possibilidade de desenvolvimento não só da música, mas como compreensão de vida. O sentido da impermanência nos convida a fazer a sua melhor versão no caminho escolhido.. Se o caminho for bem feito o resultado será inevitável. Seguindo o caminho da arte ou não, pois o objetivo da Escola é formar indivíduos prontos para escolher o próprio destino.

Para que a musicalização ocupe o lugar de prazer, de convite, de estimulo, é preciso criar um ambiente de acolhimento. A sensação de aconchego traz um lugar de segurança, de confiança. Potencializamos a expressão do indivíduo. Sua voz ganha amplitude, tamanho e, sobretudo, escuta.
Uma musicalização que compreende a voz de cada um no coletivo.

Reconhecer as habilidades é uma prática da Escola, pois credita no potencial artístico de cada indivíduo. A seriedade com o fazer diário, o amparo dos profissionais durante o processo, traz segurança e a certeza de que o seu sonho vale a pena.
Aqui sonhamos juntos!

O viver em grupo nos traz a consciência da importância da prática dos ritos. Seja determinando início, meio ou fim das atividades vividas e agradecendo a música cantada; seja na entrada, ”retirando os sapatinhos”, nos preparando para pisar num espaço sagrado onde a nossa música, o nosso som, irá ecoar; seja antecedendo uma entrada no palco; seja nos preparando para fazer o caminho da casa até a escola. De onde eu venho e para onde vou.
O rito sacraliza, prepara cada ação escolhida.
Uma Escola que canta o Ser é uma Escola de cidadãos preparados para viver a vida com plenitude. Tudo isso eleva a alma, enobrece o espírito, ativa um olhar amoroso em cada indivíduo sobre si e sobre o outro, e traz a clareza dos detalhes. A vida é rica em detalhes. Vivê-los com consciência é saborear os instantes.
Por fim agradecer e reverenciar o mestre que habita em cada um de nós.